sexta-feira, 26 de outubro de 2012



?

É que parada no tempo ficou a resposta
Daquela  antiga pergunta.
Se o separado é que se junta,
Porque tamanho sofrimento no que se gosta?!

Se tivesse sido diferente.
Se a ventura tivesse lugar antes,
Os risos teriam sido constantes.
E o choro menos pungente ?

Soprando angústia e  esperança,
No espaço da pergunta que no tempo resiste,
Hoje é só desencanto no bem querer que não se alcança.

Se faltou a réplica nessa espera infame ,
No sonho que ainda insiste,
E no silêncio, apenas uma resposta ainda brame.

Maio/16/2011


Tortura
 
Que este coração toscamente enxertado
Com as agruras de um patético sofrimento
Neste peito de lata batendo apertado
Feneça em glorioso tormento

E que todas as verdades escritas sejam
No piso frio das saudades
No acaso fatídico que elas ensejam
Na dureza febril das deslealdades

Em letras brilhantes no outdoor da praça
Ao som deste meu riso histérico, insano
Em badaladas retumbantes cheias de graça

Do sino repicando numa igreja qualquer
Como constatação torturando ano a ano:
NÃO-TE-QUIS, NÃO-TE-QUER, NÃO-TE-QUIS, NÃO-TE-QUER.

23/08/2011.

segunda-feira, 23 de abril de 2012


 Ciranda

Saraivadas de palavras desconexas.
Descarga elétrica na mente poluída.
De enganos, de restos de sonhos possuída.
Contraditórias razões. Razões complexas.

Raciocínios céleres eivados de vícios...
Mas existe ainda, sei, flores.
De várias espécies, tamanhos, cores.
Paleta de Deus construindo pontes em precipícios

Na curva da estrada, além da vida: morte.
Os seres são pedacinhos de universos
Povoados de sonhos no tabuleiro da sorte.

Na ciranda da eternidade, há sintonia... presença.
Uma tipografia etérea no labirinto de versos.
No final, clausura é sempre opção, nunca é uma sentença.

20/09/2009

domingo, 8 de janeiro de 2012

Senhor da razão

Salve...salve... de mim,  cara metade!
Tatuada lá embaixo, nas marcas dos pneus no asfalto
Digitalizada na feroz tempestade
Que tudo fala. Fala tarde... mas fala alto.

Diz de inúmeras paragens interessantes
Pois que livre na direção,
Intermináveis abismos, leituras verdejantes
Aragens úmidas, cavalgadas, se ereção

E no alto das montanhas, das pequenas igrejas à ribanceira
Quando sopra o vento gelado da cachoeira
Diz uma prece à guisa de redenção. Entrementes,

Dos sonhos plantados em sementes,
Que triste... paixão
Foram todos sufocados, não saíram do chão.

Julho/2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Frio


O que dá pena não é  a ausência do sol
Não é a saudade das montanhas verdejantes
Não é a certeza do frio sobre o lençol
O que dá pena é nada ser como antes.

O que dá pena não é o tamanho do abismo
Não é, do tempo, a inclemência
Que rouba sonhos, planos, otimismo
O que dá pena é lágrima e riso: sinal de demência

O que dá pena não é a perda das noites estreladas
Troca de olhares, comunhão de ilusão
Melodias, poesias, ah!... flores perfumadas

O que realmente dá pena, é a desesperada procura
O descontrole – face oculta da apatia – conclusão:
Causa pena o destino de gado de abate. Sua desventura.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contrição


Choro sem razão
Por todas as razões do mundo
Meu coração aberto à pública visitação
Esquecido, ignorado, moribundo

Pede, grita, implora por atenção
Um carinho, um afago, uma migalha de sentimento
Um pouquinho de qualquer tempo!
A generosidade de uma mão 

Sepulcro de cinza, acaso
Vulcão adormecido repleto de ardentes entusiasmos
Cujas entranhas revolvem em lava escaldante

Por abandono e descaso
Explode em violentos espasmos
Na ânsia da morte, agoniza palpitante!

                                                             16/04/2009

domingo, 18 de setembro de 2011

Como em cascata


Negocia com o onisciente destino
Ou com as veias tortas da pedante desdita
Resgata, por favor, a fantasia maldita
Sequestrada pelo criminoso desatino

Salva, ainda, aqueles sonhos presos na garganta
Vítimas inocentes da experiência desastrosa
Pérfida, cruel e enganosa
Que tolhe a alegria e o sofrimento agiganta

Se, por fim, a catástrofe for inevitável
Afoga essa angústia, morre... mata.
O sentimento já decomposto, nauseabundo é insuportável

Se é certo que o tempo cura tudo
Deixa escorrer por entre os dedos, como em cascata
As quimeras desse amor cego, surdo e mudo.

04/01/2010