sábado, 29 de outubro de 2011

Frio


O que dá pena não é  a ausência do sol
Não é a saudade das montanhas verdejantes
Não é a certeza do frio sobre o lençol
O que dá pena é nada ser como antes.

O que dá pena não é o tamanho do abismo
Não é, do tempo, a inclemência
Que rouba sonhos, planos, otimismo
O que dá pena é lágrima e riso: sinal de demência

O que dá pena não é a perda das noites estreladas
Troca de olhares, comunhão de ilusão
Melodias, poesias, ah!... flores perfumadas

O que realmente dá pena, é a desesperada procura
O descontrole – face oculta da apatia – conclusão:
Causa pena o destino de gado de abate. Sua desventura.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contrição


Choro sem razão
Por todas as razões do mundo
Meu coração aberto à pública visitação
Esquecido, ignorado, moribundo

Pede, grita, implora por atenção
Um carinho, um afago, uma migalha de sentimento
Um pouquinho de qualquer tempo!
A generosidade de uma mão 

Sepulcro de cinza, acaso
Vulcão adormecido repleto de ardentes entusiasmos
Cujas entranhas revolvem em lava escaldante

Por abandono e descaso
Explode em violentos espasmos
Na ânsia da morte, agoniza palpitante!

                                                             16/04/2009

domingo, 18 de setembro de 2011

Como em cascata


Negocia com o onisciente destino
Ou com as veias tortas da pedante desdita
Resgata, por favor, a fantasia maldita
Sequestrada pelo criminoso desatino

Salva, ainda, aqueles sonhos presos na garganta
Vítimas inocentes da experiência desastrosa
Pérfida, cruel e enganosa
Que tolhe a alegria e o sofrimento agiganta

Se, por fim, a catástrofe for inevitável
Afoga essa angústia, morre... mata.
O sentimento já decomposto, nauseabundo é insuportável

Se é certo que o tempo cura tudo
Deixa escorrer por entre os dedos, como em cascata
As quimeras desse amor cego, surdo e mudo.

04/01/2010

domingo, 21 de agosto de 2011

Lichia


Então... a frutinha do norte, que docinho!
De um gosto exótico, sabor diferente
Crescendo embalada por tal  carinho,
A época da colheita espera impaciente!

E observa enlevada a presença constante
De gentil colono que lhe acaricia a polpa carnuda
Temerosa e emocionada, sonha com o mágico instante
Em que o olhar dele a alcança e desnuda

É certo que nele existe vontade.
Percebe-se  o seu expressivo cuidado,
Fome oculta mesmo que de outras frutas saciado

Se mais bocas por ela  salivam, também é verdade
E vontade maior existirá na manhã em que amadureça
Mas... é bem provável que, no pé, ele deixe que ela apodreça.

maio/2010

Foi só por um momento... voar
Mas...não suportou a gangorra,
As metades suspensas no ar.
Do passarinho, a gaiola é doce masmorra

Foi tragada pelo verde mar-espelho.
E agora... que o céu é só ferida
Aberta no peito, sangrando... vivo vermelho
Singra o mar de nada...  nada  perdida

Entre o céu e o mar é longa a distância
E entre peixe alvejado e o pássaro sem asa,
Provavelmente... nenhuma concordância

Então, por que perpetuar esse deslumbre retumbante ?!!!
No fundo do mar... jaz o tolo pássaro em brasa
Na gaiola, o peixe fenece...  agonizante


13/06/2010

Keo

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Crescente - Growing

Sempre esperando... esperando...
O tempo não passa, arrasta
O vazio ganha espaço, vai aumentando
Nada é pouco . Tudo não basta!

Desesperadamente inquietante
Como mar vomitando onda gigantesca
Mil demônios em tormento cruciante
Sombrio... sombrio... mundo: viagem dantesca!

Ciranda de angústias e alegrias em profusão
Tola... tola... tola! O destino é sempre do contra
Magnífica orquestra de loucos, isto sim!

Delírio multifacetado, duelo da razão com a emoção
Procura... procura... e nunca encontra
Oh!! Luz! Luz! Faça-se em mim!!!

 06/07/2009
(Nostalgia – Enya e Yanni)


Always waiting
 ... waiting ...
Time does not pass, drag
The void is gaining ground, is increasing
Nothing is too little. It is not enough!

Desperately unsettling
as sea vomiting tidal wave
A thousand devils in excruciating torment
Dark ... gloomy ... world: travel daunting!
Maelstrom of anguish and joy in abundance
Silly ... silly ... silly! The destination is always against the
Magnificent orchestra of madmen, that yes!
Delirium multifaceted duel between reason and emotion
Search ... looking for ... and never found
Oh! Light! Light! Let it be me!
06/07/2009
(Nostalgia - Yanni and Enya)

Keo

domingo, 26 de junho de 2011

Poema I - Poem I

Resumida num compêndio
Coberta de mofo... enegrecida
Ladeira abaixo... padecida
Minha parca razão, sobrevivente de um incêndio.

A inocência do crer... corrosiva... inebriante
Fundindo-se apoteótica , deficiente,
Na ditadura do tudo ter... nada ser... gente, 
Espalhada na via de várias mãos... hilariante.

Então... que gargalhemos ensandecidos
E cuspamos debochados nos resquícios
De grandes amores apodrecidos

Oh! dança louca de uma esperança que nunca desiste 
Eu sei voar! Danem-se os insólitos precipícios! 
Saudade é só uma palavra que não existe.

Summarized in a compendium
Covered with mold ... blackened
Downhill ... I suffered
My meager reason of surviving a fire.

The innocence of believing ... corrosive ... heady
Blending apotheosis, poor,
All have the dictatorship of the ... nothing to be ... people,
Spread the route of many hands ... hilarious.

So ... what a laugh mad
Debauched and spit in the remnants
The rotten great love

Oh! crazy dance of a hope that never gives up
I know how to fly! Damn the unusual cliffs!
Saudade is a word that just does not exist.

keo